Os dois porquinhos

O porquinho desonesto vivia numa enorme casa de tijolos, paga com esquemas de abuso de poder autárquico e peculato nos largos anos que passou à frente da Junta da sua freguesia. Este porquinho foi recordado.
O porquinho íntegro, assistente social que vivia numa casa de palha construída pelo próprio, não sobreviveu ao temível furacão Catarina. Deste porquinho, que levou uma vida de altruísmo e generosidade, não mais se ouviu falar.
Um porquinho megalómano e um porquinho magnânimo. 
Dois porquinhos no mesmo saco.

Reza o provérbio Português que «dos fracos não reza a história», mas não é pelos ‘fracos’ que escrevo hoje este conto, é pela ‘história’.
O vazio que deriva da falta de sentido da vida cabe a cada um preencher como entender melhor.
Um fora-da-lei e um filantropo? Não, pois a moralidade mais não é do que uma criação humana. Dois colegas da vida que aceitaram a sua condição de forma distinta.
Como nos diz o mito de Sísifo, a aceitação do nosso destino é o único verdadeiro teste que a vida nos coloca, o resto é ‘peanuts’.

Se queremos fazer os possíveis e os impossíveis para ser impressos numa página da história, que assim seja. Somos todos iguais aos olhos da providência…

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