Notas soltas de uma terça-feira abençoada

Li crónicas de um doutorado, cientista excepcional e de renome.

Contactei-o por entender que pudesse ter uma contribuição interessante num projecto que eu me encontrava a desenvolver.

Gostou da minha abordagem e recebeu-me.

Com clarividência, raciocínio veloz,
Até não mais ter voz,
Falou, falou e falou.
Pregou, leccionou e educou.

Fascinou-me a sua inteligência e visão.

Contudo, enfrentando uma semana depois o contraditório ao tentar explicar uma das suas teses brilhantes, fui incapaz de me defender do primeiro argumento de uma contraparte de intelecto humilde.

Confuso, com uma inaplicabilidade tal dos meus juízos e convicções às idiossincrasias e parâmetros da nossa Condição, senti-me na pele da idosa do Bolhão que tenta vender lagostins na banca do tamboril.

Uns tempos volvidos, apercebi-me finalmente que aquilo que o génio talentoso advoga só tem real cabimento no seu mundo de genialidade e talento, e não no nosso, o normal, o dos ‘comuns mortais’.

E lá vai o cientista inteligente demais para o seu próprio bem, defendendo o indefensável, indefensavelmente.
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Como se explica aos adultos que o rótulo de desenhos animados não encaixa bem em Family Guy?

Como se pede ao colega de Contabilidade para preparar um relatório que cai fora do seu âmbito, mas que ninguém poderia executar melhor?

Como se diz a um nórdico que os latinos desconhecidos se beijam ao serem apresentados?

A esmagadora maioria dos problemas do mundo advém da intransigente incapacidade de cada um em tentar compreender uma opinião, visão, concepção distinta. Desde os budistas birmaneses aos ciganos de Loures.

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